História da FLUL

Por lei de 1911 eram instituídas em Portugal três universidades, Coimbra, Lisboa e Porto, sendo a primeira referida como reformada e as outras duas como novas. O texto introdutório da lei omitia assim o facto de a primeira etapa da universidade portuguesa, entre 1288-1290 e 1537, ter decorrido, na sua maior parte, na cidade de Lisboa. A Universidade de Lisboa foi em 1911 estruturada em torno daquelas que são hoje as suas mais antigas faculdades: Letras, Direito e Medicina.

Apesar da sua criação ex novo, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa dava continuidade ao projecto do Curso Superior de Letras de Lisboa fundado em 1859 por D.Pedro V e entretanto reformulado por duas vezes, em 1878 e 1901.

Do antigo Curso transitavam os alunos e os professores, entre os quais Adolfo Coelho, David Lopes, José Leite de Vasconcelos e Teófilo Braga. 1997 simboliza o corte físico com o último elo que ligava o presente à geração dos fundadores: a morte do Professor Manuel Viegas Guerreiro, último discípulo vivo de José Leite de Vasconcelos.

Ao longo da sua história, e através de várias reformas curriculares (a mais importante das quais em 1957), a Faculdade de Letras de Lisboa tem desenvolvido um vasto trabalho científico e pedagógico, centrado nas grandes áreas do saber da Filosofia, Geografia, História, Línguas e Literaturas Clássicas (as antigas Filologias Clássicas), Línguas e Literaturas Modernas (outrora Filologias Românica e Germânica), bem como, até meados dos anos 80, de Psicologia - entretanto autonomizada como Faculdade. Oferecendo até à década de oitenta apenas cursos de licenciatura, a Faculdade foi sucessivamente abrindo a sua formação a cursos de pós-graduação, mestrado e, finalmente, cursos de doutoramento. Um dos elementos importantes da acção cultural promovida pela instituição são também os cursos livres, onde, sem as pressões inerentes à obtenção de graus académicos, o trabalho desenvolvido permite à Faculdade alargar o número de pessoas que participam nas suas actividades.

Entre 1859 e 1958, primeiro o Curso Superior de Letras de Lisboa e, depois, a Faculdade de Letras funcionariam por empréstimo gracioso em anexos do edifício da Academia das Ciências de Lisboa. Durante o ano lectivo de 1958/59 eram inauguradas as novas instalações da Faculdade na Cidade Universitária, ao Campo Grande, onde ainda hoje se encontra. Dos 83 alunos de 1911 atingia-se, em 1967, a cifra máxima de 10.000 alunos (cerca de 1.100 em 1952/53 e 2.000 aquando da transferência para o novo edifício, em 1959/60).
Em meados dos anos sessenta, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa era a maior escola do país.

Na Faculdade de Letras de Lisboa a investigação científica foi-se articulando em torno de um número crescente de institutos (hoje cerca de vinte) ligados aos diversos departamentos e, ainda, de Centros, directamente vinculados à Universidade de Lisboa e a organismos que tutelam a investigação científica. A Revista da Faculdade de Letras (fundada em 1933) e as numerosas revistas de especialidade publicadas pelos departamentos, institutos e centros constituem os principais veículos de divulgação da produção científica própria, resultante de projectos de estudo, assim como das dissertações de mestrado e doutoramento. No domínio do apoio às publicações, tem sido importante, desde a década de sessenta, a colaboração com os órgãos de tutela da administração pública : o Instituto para a Alta Cultura, o Instituto Nacional de Investigação Científica e, mais recentemente, a Junta (hoje Instituto) Nacional de Investigação Científica e Tecnológica.

Ao longo do século XX, nomes como os de Manuel Antunes, Hernâni Cidade, Luís Lindley Cintra, Jacinto Prado Coelho, Jorge Borges de Macedo, David Mourão-Ferreira, Vitorino Nemésio, Virgínia Rau, Orlando Ribeiro, Delfim Santos e António José Saraiva, todos professores da Faculdade, marcaram a vida científica e pedagógica da faculdade e a vida pública portuguesa.

Entre meados das décadas de setenta e oitenta, a Faculdade alargou ainda a influência da sua acção docente e cultural através de centros de apoio instalados em cidades que ainda não dispunham, então, de estudos universitários locais. Desses Centros, deve ser feita referência especial, pelo estímulo que deram à criação das universidades nas regiões onde haviam sido implantados, os Centros de Apoio e do Funchal.

Fonte: http://www.fl.ul.pt