Personalidades da FLUL

António José Saraiva

Nasceu em Leiria a 31 de Dezembro de 1917. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde se licenciou com a tese Ensaio sobre a poesia de Bernardim Ribeiro, em 1938. Realizou posteriormente o estágio pedagógico no Liceu Pedro Nunes em Lisboa e leccionou na Faculdade de Letras durante dois anos lectivos consecutivos (1941/42 e 1942/43) tendo prestado provas de doutoramento em 1942 em Filologia Românica com a tese Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval.
Na sequência de um processo disciplinar, António José Saraiva deixa a Faculdade de Letras de Lisboa e ingressa no ensino liceal.
Em 1949 foi preso pela P.I.D.E. por ter apoiado a candidatura à Presidência da República do General Norton de Matos.
Impedido de leccionar até 1959 terá vivido da sua actividade de escritor publicando diversos artigos e ensaios em jornais e revistas, e muitas obras de volume. Destacamos Herculano e o Liberalismo em Portugal. Os problemas morais e culturais da instauração do regime (1834-1850)História da Literatura PortuguesaHistória da Cultura em PortugalA Inquisição Portuguesa e O Crepúsculo da Idade Média em Portugal. Em 1959, António José Saraiva foi obrigado a emigrar para França sendo bolseiro do Collège de France e em 1960 ingressa na carreira de investigador na Secção de História Moderna do Centre National de Recherche Scientifique. Durante a sua permanência em França continuou a publicar várias obras como Inquisição e Cristãos-Novos e Maio e a Crise da Civilização Burguesa. Em 1970 segue para a Holanda onde foi director do Instituto Português de Amesterdão. Até 1975 leccionou na Universidade de Amesterdão onde foi professor Catedrático. Em 1974 foi agraciado com o título de doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa. A partir de Maio de 1975 regressa definitivamente a Portugal tendo sido professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa, equiparado à mesma categoria no Grupo de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1978 foi nomeado por distinção professor Catedrático do Grupo de Filologia Românica da Faculdade Letras de Lisboa, com nomeação definitiva em 1980. Jubilou-se em 1987 continuando a sua actividade de investigação e publicação. António José Saraiva morreu em Lisboa a 17 de Março de 1993. Ficam os seus indispensáveis contributos nos ramos da Filologia e da História.



Bibliografia: Maria Ana Sequeira de MEDEIROS, «Notas biográficas sobre António José Saraiva» in Leonor Curado NEVES, António José Saraiva e Óscar Lopes: Correspondência[2ª ed.], [Lisboa], Gradiva, 2005.
Imagem: Aqui [consultado em 06/03/2012]



Manuel Domingues Heleno (Júnior)

Nasceu em Monte-Real a 11 de Novembro de 1894. Depois de concluir os estudos secundários no Liceu de Leiria, frequentou o curso de História e Geografia na Faculdade de Letras de Lisboa. A sua dissertação de licenciatura foi publicada em 1919, intitulando-se A Geografia no Ensino Secundário. Enveredou então pela carreira de docente, tornando-se professor efectivo em 1927 no Liceu Passos Manuel. Paralelamente, foi desde 1923 Professor Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa, tornando-se Professor Auxiliar em 1930. O seu trabalho de pesquisa encetado, entre outros locais, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, levou à publicação de duas monografias regionais portuguesas de grande valor: Antiguidades de Monte-Real e Paços de Monte-Real (1918).
Conservador do Museu Etnológico desde 1921, foi também seu director em 1929. As suas principais obras vão incidir sobretudo sobre a Arqueologia, a História da Expansão Portuguesa e Numismática. Neste sentido escreve: Os escravos em Portugal (tese de doutoramento), O Reguengo de Ulmar, Colaboração Portuguesa nos descobrimentos das outras Nações.
A partir de 1933 os seus trabalhos consagraram-se quase exclusivamente à Arqueologia e em 1948 encontrava-se a trabalhar na exploração arqueológica em Tróia (Setúbal). No âmbito da História, deve-se-lhe uma nova linha de rumo na temática dos Descobrimentos. Faleceu em 1970.

Bibliografia: Elogio do Professor Doutor Manuel Heleno, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1988.    



Maria de Jesus Simões Barroso Soares



Nascida a 2 de Maio de 1925 na Fuzeta, Olhão. Filha de Alfredo José Barroso e Maria da Encarnação Simões diplomou-se em Arte Dramática pela Escola de Teatro do Conservatório Nacional (1943). Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1951). Iniciou a sua actividade teatral ainda como aluna e mais tarde ingressou na Companhia Amélia Rey Colaço-Robbles Monteiro onde interpretou peças como Filomena, Zilda, Raça, Frei Luís de Sousa, A Casa de Bernarda Alva, entre outras.

Foi entretanto, demitida devido às suas posições políticas, e impedida de leccionar em diversos estabelecimentos de ensino. Em 1949 casou com Mário Soares, seu colega de Faculdade. Foi dirigente do Partido Socialista e ocupou o lugar de deputada em diferentes legislaturas após 1975.

No cinema desempenhou vários papéis em filmes do grande cineasta português, Manoel de Oliveira, como Benilde ou a Virgem Mãe (1974), Amor de Perdição (1983) e Le Soulier de Satin (1984).

Primeira-Dama de 1986 a 1996, Maria Barroso interveio activamente na vida cultural desenvolvendo várias actividades na área da educação, família, solidariedade social, saúde e prevenção da violência. Foi também presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.

Fundou e ajudou a criar diversas fundações como a APEV (Associação para o Estudo e Prevenção da Violência). Tem ainda sido agraciada com inúmeras distinções académicas e honoríficas.


Bibliografia: «Maria de Jesus Simões Barroso» in Grande Enciclopédia Universal, Durclub, S.A,, 2004; www.prodignitate.pt/Curriculum_completo.pdf


Imagem: www.ua.pt


Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva



Natural de Praia da Vitória (Terceira, Açores), nasceu a 19 de Dezembro de 1901. Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, foi poeta, romancista, jornalista e professor. Vitorino Nemésio estudou Direito e História na Universidade de Coimbra, acabando no entanto por se licenciar com elevadas classificações em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa no ano de 1931, em cuja Faculdade de Letras leccionou e se doutorou com a tese “A Mocidade de Herculano até à volta do Exílio” em 1934. Como conferencista foi convidado por várias Universidades Europeias, como Montpellier e Bruxelas, e também no Brasil.

Esteve desde muito cedo ligado à imprensa, tendo inclusive dirigido o jornal “O Dia” entre 1975-76. Publicou imensos trabalhos e estudos dedicados, sobretudo, ao Romantismo, e obras variadas. Foi autor de obras poéticas como O Bicho Harmonioso (1938), O Pão e a Culpa (1955) e Festa Redonda (1950). Como prosador foi autor de contos como O Mistério do Paço do Milhafre (1949), novelas como A Casa Fechada (1937) e escreveu ainda o romance Mau Tempo no Canal (1944).

Recebeu o prémio Nacional da Literatura em 1965 e o Prémio Montaigne em 1974. Em 1971 proferiu a sua última lição como professor da Faculdade de Letras de Lisboa. Faleceu no dia 20 de Fevereiro de 1978 em Lisboa, tendo sido sepultado em Coimbra. Vitorino Nemésio influenciou toda uma geração de estudantes e, através do seu legado escrito, continua presente entre nós. Pela sua erudição e originalidade, a sua obra é sinónimo de riqueza para o nosso património literário e cultural.


Bibliografia: «Vitorino Nemésio», Fátima Freitas MORNA, in Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, vol.2, direcção de João Costa Pereira, [s.l.], Publicações Alfa, 1985.


Imagem:http://casadecamilo.wordpress.com/2009/12/30/camilo-visto-por-vitorino-nemesio/

Orlando da Cunha Ribeiro




Nasceu em Lisboa no dia 16 de Fevereiro de 1911. Terminou a licenciatura em História e Geografia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1932 e doutorou-se em Geografia na mesma Faculdade no ano de 1936 com a tese «A Arrábida». Frequentou estudos de Geologia na Faculdade de Ciências de Lisboa e no Instituto Superior Técnico. Iniciou a sua carreira de docente no ensino secundário, mas a partir de 1937 tornou-se leitor assistente de português na Universidade de Sorbonne (Paris), prosseguindo os seus estudos em Geografia na Faculdade de Letras de Sorbonne, na Escola Normal Superior, no Colégio de França e em Geologia na Faculdade de Ciências.
De regresso a Portugal em 1940, Orlando Ribeiro leccionou na Universidade de Coimbra e, em 1942, foi nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Foi autor de uma obra muito vasta que inclui monografias, recensões, artigos, comunicações de congressos e conferências. Destacam-se as suas obras A Ilha o Fogo e as suas Erupções (1954), Ensaios de Geografia Humana e Regional (1970), A Ilha da Madeira em Meados do Século XX (1985), Iniciação em Geografia Humana (1986), Opúsculos (6 volumes, 1989-1995).
Em 1943 criou o Centro de Estudos Geográficos da FLUL, tendo sido seu director durante quase trinta anos. Criou também a revista Finisterra. Foi professor visitante da Universidade de Saragoça, do Colégio de França e da Universidade de Laval (Quebec, Canadá), e docente do curso de Altos Estudos Geográficos na Universidade do Rio de Janeiro e nas Universidades do Ceará e da Baía.
Foi Vice-Presidente da União de Geografia Internacional e agraciado com o título de doutor honoris causa pelas Universidades do Rio de Janeiro, Bordéus, Coimbra, Complutense de Madrid e Sorbonne. Recebeu ainda diversos prémios salientando-se o Prémio Nacional do Ensaio pela obra Ensaios de Geografia Humana e Regional.
Faleceu no dia 17 de Novembro de 1997 deixando inúmeros discípulos e a memória de um imenso prestígio sobretudo como fundador da Geografia moderna portuguesa.

Bibliografia: «Orlando Ribeiro», textos de Teresa Sancha Pereira, Edições Câmara Municipal de Lisboa – Comissão Municipal de Toponímia, 1999.
Imagem: aqui [consultado em 13/03/2012]


David Mourão-Ferreira


Nasceu em Lisboa no dia 24 de Fevereiro de 1927. Licenciou-se em Filologia Românica em 1951 com a tese «Três Coordenadas na Poesia de Sá Miranda» pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

David Mourão-Ferreira dedicou-se ao ensino secundário e universitário tendo exercido funções docentes na Faculdade de Letras a partir de 1957. Foi autor de uma vasta bibliografia que inclui ensaios, poesia e ficção. Destacamos Isolda (1948), Tempestade de Verão (1954), Vinte Poetas Contemporâneos (1962), Motim Literário e Infinito Pessoal (1962), Hospital das Letras (1966), Os Amantes e Outros Contos (1968), Discurso Directo e Tópicos de Crítica e de História Literária (1969), Lâmpadas no Escuro (1979), Um Amor Feliz (1986), O Essencial sobre Vitorino Nemésio (1987) e Sob o mesmo Tecto (1989).

Exerceu também diversas funções em instituições de renome: fez parte da Academia de Ciências de Lisboa, foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores, secretário de Estado da Cultura (1976-78 e 1979), responsável pelas bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian; dirigiu a revista Colóquio-Letras, colaborou com inúmeras outras publicações (Seara Nova, Aqui e Além, Ocidente) e recebeu diversas condecorações. Algumas das suas obras foram posteriormente adaptadas à televisão e ao cinema, e Amália Rodrigues interpretou muitos dos seus poemas.

Faleceu no dia 16 de Junho de 1996. O seu talento e mestria incomparável permanecerão imortais nas suas obras.

Bibliografia: «David Mourão-Ferreira» in Nova Enciclopédia Portuguesa, Publicações Alfa, 1996; «David Mourão-Ferreira» in Grande Enciclopédia Universal, Durclub S.A., 2004.







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